Vivemos em um mundo cada vez mais barulhento. O tempo todo somos bombardeados por estímulos, opiniões, algoritmos, distrações. E nesse excesso de ruído externo, muitas vezes esquecemos de ouvir o som mais importante: a voz da nossa própria intuição. Sonia Choquette, especialista em espiritualidade sensorial, nos lembra que todos nascemos com essa bússola interna — mas, por medo, pressa ou condicionamento, paramos de usá-la.
A intuição não grita. Ela sussurra. Ela se manifesta como uma leve impressão, um arrepio súbito, uma imagem mental que surge sem explicação. Pode ser um desconforto inexplicável diante de uma escolha, ou uma sensação de paz ao pensar em determinada direção. Quando ouvimos essa linguagem sutil, nos alinhamos com o que Sonia chama de nosso eu superior — a parte mais sábia, amorosa e conectada da nossa consciência.
Ignorar essa voz nos leva a viver no piloto automático. Quantas vezes você já tomou decisões “lógicas” que depois pareceram erradas, mesmo sem saber exatamente o porquê? Sonia nos ensina que confiar na intuição é um ato de coragem e reconexão. Não se trata de adivinhar o futuro, mas de escutar o presente com mais profundidade. A intuição é o idioma da alma. E ela fala o tempo todo — basta aprender a ouvir.
Desenvolver a intuição não é um dom exclusivo de alguns. É uma habilidade que pode ser despertada e fortalecida. Começa com a disposição de desacelerar e prestar atenção nos sinais sutis do corpo, das emoções e do ambiente. Um exemplo simples: Ana, uma profissional ansiosa, vivia em dúvida sobre suas decisões. Ao praticar exercícios de escuta interior, passou a notar padrões — sua intuição sempre se manifestava com um frio na barriga quando algo estava fora do seu caminho. Ao confiar nesse sinal, sua vida começou a ganhar fluidez.
Sonia propõe que cultivemos uma espiritualidade sensorial — ou seja, que usemos os sentidos como portais de conexão com o eu superior. Ouvir músicas que nos elevam, acender uma vela com intenção, caminhar sentindo os pés tocarem o chão, tocar uma planta com presença, respirar aromas que despertem emoções positivas. Tudo isso são formas de nos ancorarmos no agora e abrirmos espaço para a sabedoria intuitiva se manifestar.
Um exercício simples que Sonia sugere: todos os dias, pergunte a si mesmo em silêncio — “O que meu eu superior quer que eu saiba agora?” Feche os olhos, respire profundamente e aguarde. Não force. Apenas receba. Às vezes vem uma palavra, uma imagem, uma lembrança. Às vezes vem um vazio cheio de paz. Confie no que surgir, sem precisar entender racionalmente. Com o tempo, a resposta se torna mais clara e familiar.
Outro exercício eficaz é escrever. Pegue papel e caneta e escreva uma pergunta clara, como: “Devo seguir por este caminho?” Em seguida, respire fundo, relaxe e comece a escrever a resposta como se fosse sua alma falando. Não pare para pensar. Apenas deixe fluir. Você pode se surpreender com a profundidade e a lucidez do que emerge. Esse é um canal direto com seu eu mais sábio.
Sonia nos lembra que a intuição é inseparável do amor. Quanto mais nos tratamos com gentileza, mais a intuição se fortalece. Julgamentos, autocrítica e culpa abafam essa voz interna. Já a aceitação, o autoacolhimento e a escuta amorosa a tornam clara. Não espere grandes revelações. Comece pequeno. Sinta quando algo vibra como verdade e quando soa como obrigação. A diferença está sempre no corpo.
A conexão com o eu superior também envolve confiar no invisível. Nem sempre veremos o caminho todo — mas a intuição nos mostra o próximo passo. Quando aprendemos a andar no escuro com fé, percebemos que há uma luz que sempre nos guia de dentro para fora. Sonia afirma que essa confiança muda tudo: nos torna mais livres, mais leves, mais verdadeiros.
Em tempos de excesso de informação, desenvolver a intuição é um ato de reconquista interior. É voltar a viver com sabedoria própria, em vez de seguir o barulho do mundo. É deixar que a vida volte a ser sentida, em vez de apenas planejada. É descobrir que a alma não apenas fala — ela dança, canta, vibra. E quando a ouvimos, tudo volta a ter sentido.
Hoje, faça um gesto por sua intuição. Antes de tomar qualquer decisão, por menor que seja, pergunte a si mesmo: “Isso me expande ou me contrai?” Essa pergunta simples pode se tornar uma bússola. E ao segui-la com respeito, você voltará a viver em harmonia com quem você realmente é. Porque sua intuição não quer te controlar — ela quer te libertar.
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